Carma, mais do que uma palavra engraçada (quando pensamos que é alguém que tem dificuldade nos lês e quer que nos acalmemos), é uma palavra com força, do grupo daquelas palavras que quando nos saem da boca podem provocar alterações climáticas à nossa volta.
Não sou propriamente religiosa (pensando bem, mesmo nada), nem muito espiritual (para mim o cúmulo máximo da espiritualidade é o bacalhau), mas de vez em quando sou atingida por um boomerangue invisível, o que me leva a crer cada vez mais, que o que fizermos na nossa vida, e aos outros, vamos receber de volta e às vezes a dobrar.
No outro dia encontrei-me com uma amiga, que foi atingida pelo mesmo problema que muitos portugueses, o desemprego, e pelas consequentes dificuldades económicas. É daquelas pessoas boas, que está sempre disponível, que tem sempre uma palavra amável, e que não merecia nada do que está a passar.
Por muito que pensemos que o dinheiro não traz felicidade, não o ter, para pagar as contas e comprar o essencial, traz muita infelicidade.
Mas voltando ao que estava a contar, eu e a minha amiga lá nos encontrámos no Metro (sim, o mesmo que está em greve todas as 5ª feiras), e ela teve que levantar dinheiro no multibanco para comprar o bilhete. Como me estava a dever, deu-me uma nota de 20€ e eu, que sei da dificuldade que passa, disse que não queria, que me desse mais tarde, e ficámos numa luta de: toma lá, não deixa estar, eu insisto. O que se passou no meio desta luta foi que a dita nota de 20€ se perdeu.
Nem imaginam o peso que ficou, ambas com um sentimento de culpa, como se tivéssemos perdido a nossa fortuna no jogo. Fizemos inclusivamente o juramento de não contar nunca a ninguém o que se passou.
Continuámos como se nada se tivesse passado, e quando chegámos ao nosso destino, lá nos encaminhámos para a saída da estação, quando vi um papelinho no chão dobrado. Conforme nos íamos aproximando, eu não queria acreditar, até que apanhei o tal papelinho dobrado, que era nada mais nada menos, do que uma nota de 10€.
Desatámos-nos a rir que nem umas perdidas e foi como se um grande peso nos saísse de cima, e lá fomos tomar o pequeno-almoço. Já sentadas, munidas de meias de leite e pão-de-Deus, ela vai guadar o troco na carteira, e não é que a bendita nota de 20€ desaparecida estava lá!!!!
Por isso, minhas bruxinhas companheiras de fortuna e infortúnio, enquanto continuarmos a mexer o nosso caldeirão juntas, partilhando poções, cá nos vamos arranjando....
Mme Min